quarta-feira, 1 de junho de 2022

Novo terminal de minério pode causar ainda mais poluição, destruição do Meio Ambiente e para a economia em Itaguaí

Apenas alguns empresários parecem satisfeitos com a possível construção de mais um terminal de minério sem os devidos cuidados com o meio ambiente local, assim como num passado recente que começou a transformar o cenário da Ilha da Madeira. Quase 80% dos funcionários portuários não são de Itaguaí e lucro com a arrecadação de impostos vai em quase sua totalidade para fora da cidade 


Itaguaí - Desde que começou a operar efetivamente na cidade, o Porto de Itaguaí um dos mais importantes do país, sempre foi uma esperança de mais empregos e maior progresso para a cidade. Mesmo sabendo dos possíveis riscos ambientais, num passado recente, se acreditava que os benefícios para Itaguaí poderiam compensar alguma mudança leve na fauna local. Contudo, anos passados depois, a cidade e os moradores têm sofrido e muito com esse "progresso " e com a exploração do minério. A Ilha da Madeira por exemplo, antes tida como cartão postal e local vasto de peixes e espécies naturais, hoje se encontra praticamente aniquilada e os danos muito maiores do que os esperados. A visão de outrem de uma natureza limpa, hoje se depara com a destruição nítida e animais em risco diário. Além disso, os pescadores da Ilha da Madeira, conhecidos por décadas por serem os maiores responsáveis pela produção pesqueira da cidade, hoje tem sua produção associada a pouquíssima quantidade de peixes e muitos deles com grandes riscos de contaminação, o que afeta o sustento de centenas de famílias e a economia itaguaiense.

Na última semana, a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), com o auxílio do Ministério da Infraestrutura (Minfra), anunciou investimentos de R$ 3 bilhões para aumentar a capacidade de escoamento de minério de ferro em 30 milhões de toneladas por ano. Inclusive, técnicos do Ministério teriam vindo ao Porto de Itaguaí, sem comunicar a prefeitura local, para dar prosseguimento a esse novo terminal de minério. 


Ao saber desse novo terminal, o prefeito de Itaguaí Rubem Vieira do Podemos, usou as redes sociais para mandar um recado direto à Companhia de exploração de que não vai aceitar a instalação de um novo terminal de minério no município. 



"Eu não sou contra o desenvolvimento. Precisamos de emprego, precisamos gerar renda. Só que o Porto de Itaguaí não aguenta mais tanta poluição. Não aguenta mais o absurdo que é o minério, que paga seus impostos em Minas Gerais, e o estado do Rio de janeiro fica para trás. Ficamos com a população e a ver navios, só com a herança maldita ambiental. Estamos perdendo arrecadação, perdendo empregos e a nossa natureza”, esbravejou o prefeito.

Por pouco mais de 40 minutos, Vieira expôs os motivos de ser contrário à construção. E avisou que recorrerá ao governador do Rio, Cláudio Castro, e ao presidente Jair Bolsonaro para evitar a instalação.

– A Prefeitura não vai ficar omissa nisso. Mandei ofício para o presidente da República, Ministério de Desenvolvimento, Secretaria de Desenvolvimento do Estado, governador, deputados, senadores… para não deixarem mais esse absurdo. O último porto que veio para Itaguaí foi um escândalo em todas as televisões por esquemas fraudulentos e, pior do que isso, acabou com a Ilha da Madeira, que foi resumida a um pedacinho de nada. Não vou ficar calado, vou gritar, vou para a imprensa e para onde for necessário para mostrar que Itaguaí não aguenta mais um porto de minério que não seja bom para o município – disparou o prefeito.

O chefe do executivo municipal não poupou palavras para enfatizar que o minério não está desenvolvendo o estado do Rio economicamente.

– Por que o Porto de Santos, que é tão famoso, não fica com o minério? Por que só Itaguaí fica com o crime ambiental? Nós temos uma orla de Coroa Grande linda, mas não tenho o mar. Eu acho que o filme Surfista Prateado foi inspirado em Coroa Grande e Ilha da Madeira. Porque a pessoa entra no mar e sai prateado com tanto minério no corpo – ironizou Vieira, que também se irritou com o fato de representantes do Ministério da Infraestrutura visitarem o Porto para avaliar a possibilidade de leilão de um espaço chamado “Área do Meio” para abrigar um novo terminal portuário de minério.

 – O que mais me impressiona é o Ministério, que vem à nossa cidade, faz uma visita ao Porto, especulando um leilão, e não procura a prefeitura ou os pescadores para saber se é bom ou não para o município, disse Rubão. 

Passado e presente punem Itaguaí, perda de trem de passageiros e perda econômica para o progresso financeiro ficar bem longe

O tal "progresso " alavancou economias de outros estados e para Itaguaí só trouxe problemas. Além da questão ambiental e da redução drástica na qualidade e quantidade da produção pesqueira, a cidade perdeu o trem de passageiros que ligava Itaguaí a Santa Cruz e chegava até a Central do Brasil. A linha operava até a década de noventa. Para conduzir a produção de Itaguaí a Minas Gerais, a linha férrea, antes usada para levar os moradores para outros municípios, virou exclusividade da empresa MRS, responsável pelo transporte do minério. Além da perda na parte de locomoção, o que reduzia o trânsito na Rio-Santos e era uma excelente alternativa, a interrupção do uso da linha férrea para uso de passageiros, fez com que os trens de minério deixassem em seu rastro, o "pó preto" do minério, perceptível nos móveis das casas e na respiração dos itaguaienses que sofrem muito mais com problemas de saúde hoje em dia do que de décadas atrás. 



A exploração do minério nos moldes de hoje, destroem a fauna e a flora local, não geram empregos para os moradores da cidade, já que 80% dos que atuam na zona portuária não são de Itaguaí, e os impostos dessa exploração vão para Minas Gerais em quase sua totalidade. O município só fica com os danos irreversíveis. Quando construído, o Porto trouxe muita esperança, mas durante sua construção revelou esquemas de corrupção e informações privilegiadas de políticos da época. Muitos moradores inclusive, foram obrigados a sair da Ilha da Madeira na época e a economia voltada ao mar despencou. Hoje, alguns poucos empresários locais lucram prestando serviços ao Porto, para estes qualquer dano direto à população é apenas algo secundário.




 O Ministério Público Federal (MPF) já havia ajuizado, uma ação civil pública para impedir a realização de obra sem licenciamento ambiental no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha Boto-Cinza, localizada na Baía de Sepetiba, na Ilha da Madeira em Itaguaí.

A obra serviria para ampliação do canal de navegação do Porto de Itaguaí, permitindo a passagem de navios de carga de maior porte na Baía, que abriga a maior população mundial de botos-cinza, espécie ameaçada de extinção que é o símbolo da cidade do Rio de Janeiro. Além de representar risco à preservação dos golfinhos e de outras espécies da fauna marinha, o aumento do fluxo de navios de grande porte no local poderia impactar a atividade de pesca artesanal, que por várias gerações consistiu na principal fonte de renda e subsistência na região.

Nos últimos anos, a Baía de Sepetiba foi submetida à forte pressão socioambiental devido à instalação de megaempreendimentos no local, incluindo três portos, terminais de carga e dezenas de indústrias. O ecossistema da Baía de Sepetiba, reconhecida por sua biodiversidade, sofre com os efeitos da saturação ambiental, pois cada obra ou atividade licenciada pelo Inea não leva em conta o efeito conjunto (impacto sinérgico) de todos os empreendimentos já instalados, diz o MPF.


Nota do Ministério da Infraestrutura 

Em nota à imprensa, o Ministério da Infraestrutura (Minfra), se pronunciou alegando que a visita ao Porto foi limitada a explicar as fases que o projeto vai precisar passar e que ainda não havia aprovado a ideia do novo terminal. Ainda, que somente após os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental e todos os trâmites necessários e após consulta pública à sociedade e que poderia ser dado algum parecer favorável para a implementação do novo terminal de minério. O Minfra ainda lembrou que a licitação só acontece apenas após a avaliação do Tribunal de Contas (TCU).


Após toda polêmica Conselho Administrativo Portuário cancelou reunião sobre novo terminal de minério que aconteceria na última sexta-feira em Itaguaí

A reunião do Conselho Administrativo Portuário (CAP) marcada para sexta-feira passada foi.... cancelada.

O CAP é comandado pelo Ministério da Infraestrutura e tem representantes dos portos e das prefeituras. O próximo encontro prometia pegar fogo.

O conselho se reúne na última sexta-feira de cada mês — e manteve o ritmo até na pandemia.
Mas... A próxima reunião agora só vai acontecer no final de junho e com novos capítulos...

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