quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Empresa contratada pelo RJ para recuperação de Petrópolis está em lista da CGU de empresas com má reputação


Um dos sócios é figura conhecida em Itaguaí.A lista da Controladoria Geral da União não impede que a Loctech seja contratada pelo governo, mas serve como um alerta.

A primeira empresa contratada emergencialmente pelo Governo do Estado do Rio para ajudar na limpeza e recuperação de Petrópolis está em uma lista de empresas com má reputação da Controladoria Geral da União (CGU).

A Loctech Locação de Máquinas e Equipamentos Ltda consta no cadastro de empresas inidôneas e suspensas da CGU. Isso não impede a contratação pelo poder público, mas serve como um alerta.
"Ao meu ver, é uma questão ética. O Governo do Estado do Rio de Janeiro está contratando uma empresa que está lançada como inidônea em um cadastro da administração pública federal. E o cadastro tem exatamente essa finalidade: alertar aos novos contratantes que algumas empresas já prestaram serviços com problemas para administração pública federal. Então o Governo do Rio está assumindo um risco", afirma o presidente da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco.
Depois do desastre causado pelo temporal da semana passada, as três esferas de poder - municipal, estadual e federal - decretaram calamidade pública no município de Petrópolis. O decreto permite contratações emergenciais para que o socorro não esbarre na demora da burocracia.

O Instituto de Terras e Cartografia do Estado (ITERJ) fez um dos um dos primeiros contratos com a Loctech.
Três dias depois do temporal, foram empenhados R$ 258 mil para o uso de três caminhões super-vácuo para desobstruir esgotos e fossas em comunidades, além de limpar as ruas com jatos d'água.

A empresa criada há 30 anos passou a ser contratada pelo governo em abril de 2020. Na primeira vez, como no momento, a contratação foi por meio de um contrato com dispensa de licitação de R$ 6 milhões.
Em menos de dois anos, a empresa recebeu quase R$ 15 milhões pelos contratos.

A União também tem firmado contratos com a empresa desde 2019. No último deles, com a Companhia Docas do Rio de Janeiro.
A empresa havia sido contratada para varredura de grandes galpões, com funcionários temporários, mas segundo a diretoria-executiva da Docas, a empresa não executou os serviços como combinado.
Ainda de acordo com a diretoria, a Loctech também não corrigiu as falhas e nem forneceu os materiais e equipamentos necessários.

Sócio já se candidatou a vice-prefeito de Itaguaí 

A Loctech tem dois sócios: Paula Gonçalves Ribeiro e Sebastião Teles de Andrade, conhecido como "Tião Mala Cheia".
Foi esse o nome usado na urna quando o empresário se candidatou a vice-prefeito de Itaguaí pelo Partido Social Cristão (PSC).

Ele chegou a ser réu em um processo por crime contra a flora na Justiça o Rio. A ação foi suspensa, a pedido do Ministério Público, desde que os réus cumprissem algumas medidas.
Tião Mala Cheia acumula confusões registradas pela polícia, onde ganhou outro apelido. Em 2015, foi apontado como "Tião Costa Verde".

Em depoimento, uma testemunha disse ter sido ameaçada pelo empresário. O denunciante era concorrente dele no fornecimento de banheiros químicos e disse que recebeu uma ligação de Tião.
O comunicante teria ganho uma concorrência para fornecimento de banheiros. Tião teria dito: "Não quero ver caminhão seu aqui dentro da casa"
Segundo o depoimento, o homem se intitulava como o 'Dono de Itaguaí'.

O que diz o governo

Segundo o governo do estado, a documentação jurídica, fiscal e técnica da Loctech está regular. Ainda de acordo com o governo, não houve ainda gasto de dinheiro público, mas a contratação da empresa foi suspensa até a análise do contrato.
O RJ2 pediu um posicionamento para os sócios da empresa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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