quinta-feira, 22 de setembro de 2022

PM acusado de chefiar quadrilha de furto de combustível é preso em Itaguaí


A operação foi liderada pela polícia e pelo Ministério Público. Toda região Metropolitana poderia ter sido atingida por explosões devido a possíveis vazamentos

Itaguaí  - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) prenderam, na manhã desta quinta-feira, em Itaguaí, o policial militar Claudio Rafael Bernardino, apontado como chefe de uma quadrilha que furta combustíveis em dutos da Transpetro. Além do PM, mais dois integrantes do grupo foram presos e um está foragido. Os agentes estão nas ruas para cumprirem ainda 11 mandados de busca e apreensão contra os criminosos, que já foram denunciados pelo MP.

A investigação teve início a partir de denúncia da Transpetro, que constatou furto de petróleo de seus dutos, em janeiro deste ano. Após nova tentativa de furto nos dutos, uma equipe da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) seguiu ao local e, ao desembarcarem da viatura, os policiais civis foram atacados por disparos. Na ocasião, os policiais encontraram em um carro abandonado no local documentos, telefone celular e munição.

Segundo o MP, durante as investigações, foi identificada uma organização criminosa voltada para a prática reiterada de furto qualificado de petróleo de dutos da Transpetro. O PM Claudio Rafael Bernardino é apontado como o chefe da organização, integrada também pelos denunciados Carlos Alberto Rabelo Costa; Claudio Henrique Bispo de Rezende; Saulo Lemos e Silva; Gabriel Lucas de Almeida Silva, o Tartaruga; e Jhony Soares França. Todos foram denunciados por organização criminosa e furto qualificado.



As investigações indicaram que Claudio Rafael Bernardino teria a função de organizar, planejar, coordenar e executar todas as ações da quadrilha, que incluíam a ocupação de um sítio próximo ao trajeto dos dutos de petróleo, a extração e a exploração do combustível, com a venda de gasolina para postos.

Segundo o promotor Rogério Lima Sá Ferreira, do Gaeco, o policial militar Claudio Rafael tinha um sítio no bairro Campo Alegre, em Nova Iguaçu. Nas proximidades, existe um duto da Transpetro. A organização criminosa vislumbrou a ideia da retirada do combustível cru.
— Nos dias 21, 28 e 29 de janeiro deste ano, o Centro Nacional de Controle Logístico da Transpetro constatou despressurização do duto Orbig, por onde passa petróleo. No dia 28 colocamos uma câmera (nas proximidades do duto) e verificamos a passagem de veículos da quadrilha. No dia 29, teve uma nova despressurização a polícia foi para o local, teve troca de tiros e a polícia apreendeu um caminhão conectado no duto. (A partir daí) Chegamos ao PM Claudio Rafael, o líder dessa organização. Ele tinha um sítio nas proximidades (do duto) que servia como base operacional deles. O braço direito dele é o Carlos Alberto. Além disso, ele contratava olheiros (o Cláudio Henrique e o Jhonny). Por sua vez, o motorista era o Saulo e o Gabriel fiscalizava o local — relata o promotor.

Segundo Lima Sá Ferreira, um único furto deu lucro de R$ 300 mil aos bandidos.
— No primeiro furo, no dia 21, eles tiraram aproximadamente 40 mil litros. No segundo, no dia 28, 9 mil litros e no terceiro furo, no dia 29, eles tiraram 102 mil litros de petróleo. Em um único furo, a Petrobras estimou o prejuízo de R$ 300 mil.

Para o promotor, essa prática criminosa tinha despencado com as operações polícias e do MP, mas voltou agora. Em janeiro, foram três furos e em junho mais um. "Não sabemos se é o mesmo grupo, mas, com essas prisões acreditamos que isso reduza”.
— Na outra operação, o petróleo ia para a refinaria clandestina. Encontramos a época uma refinaria em Caxias. Mas, o grosso é em São Paulo. Ainda não se conseguiu chegar ao destinatário do petróleo subtraído por essa quadrilha. A investigação vai continuar para sabermos quem são os outros envolvidos: como quem compra; os técnicos que furam, já que eles são qualificados para isso; os motoristas; e quem recebe.

Para evitar chamar a atenção da Petrobras e da Polícia Civil, segundo o MP, o bando que furta combustível cru comete os crimes em regiões afastadas dos centros urbanos. O promotor alerta para risco de um acidente gravíssimo.
— Normalmente, eles procuram locais afastados e com poucas casas. Esse sítio era afastado e estrategicamente localizado perto de um duto. Havia risco de acidente grande e muito grave. Isso causa um prejuízo humano e material. Uma menina já perdeu a vida em Caxias por conta disso. O que vale ressaltar é que essa quadrilha é armada. Eles são violentos, confrontam com as forças de segurança e não medem esforços para obter lucros. Vão responder por organização criminosa e furto qualificado — detalhou.




Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio e estão sendo cumpridos na capital fluminense, em Nova Iguaçu, Itaguaí, Duque de Caxias, Queimados, São João de Meriti e Cachoeira de Macacu.


'Risco para toda a Região Metropolitana'

Segundo o delegado André Luiz de Souza Neves, titular da DDSD, os delitos praticados pela quadrilha colocam em risco "toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o meio ambiente e toda a população vizinha às faixas por onde correm os dutos de transmissão do petróleo. Além de ocasionar grandes prejuízos financeiros não só as empresas exploradoras de petróleo, mas, a sociedade em geral, ante o risco concreto de vazamentos, incêndios e/ou explosões, podendo ocasionar uma tragédia sem precedentes".

Segundo o delegado André Luiz de Souza Neves, titular da DDSD, os delitos praticados pela quadrilha colocam em risco "toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o meio ambiente e toda a população vizinha às faixas por onde correm os dutos de transmissão do petróleo. Além de ocasionar grandes prejuízos financeiros não só as empresas exploradoras de petróleo, mas, a sociedade em geral, ante o risco concreto de vazamentos, incêndios e/ou explosões, podendo ocasionar uma tragédia sem precedentes".
De acordo com o delegado, a quadrilha já vinha sendo monitorada há meses.

— Hoje, prendemos três criminosos, entre eles o líder. Cumprimos os 11 mandados de busca. Há investigação em andamento para investigar (outras) quadrilhas que cometem esses tipo de crime e que expõem a população a risco altíssimo de explosão. Temos monitorando isso e apurando os receptadores. Sabemos que o petróleo é extraído e redistribuído. Essa rede de distribuição está sendo monitorada.
Segundo a investigação, essa operação criminosa tem envolvimento de milicianos que atuam na Baixada Fluminense, como destaca o delegado:

— Queremos cessar essa ação criminosa. Existe uma interlocução da milícia, eles permitem. Um policial militar foi preso e estamos apurando o vínculo dele com a milícia. O que sabemos é que ele é o chefe do grupo de extração. Ele providenciava a logística, a cooptação de integrantes, do armazenamento, existe uma cadeia de distribuição. Não é simples, e isso demanda especificidade. Apuramos o envolvendo de terceirizados e certamente há um apoio técnico de pessoas que atuam no ramo. Porque demanda um conhecimento específico para perfurar um duro de alta pressão com um material específico. Um acidente desse pode acarretar em um dano ambiental muito grande.
Segundo a delegacia, essa é a primeira fase dessa operação e certamente outras pessoas serão presas. Na casa do PM, os agentes encontraram armas, que estão sendo contabilizadas.

— Encontramos na residência do policial militar vasto armamento. Espingardas, revólveres. Está sendo contabilizado — contou André Neves.
A tenente Anny Monteiro, da Corregedoria da PM, afirmou que o cabo “está há aproximadamente cinco anos na corporação” e, após a prisão, será submetido a um Procedimento Apuratório Disciplinar (PAD) e poderá ser expulso da corporação. Ela lembrou que o militar tem uma ficha com várias punições.

— Ele será submetido a PAD, o que pode levar a sua exclusão. Não temos informação que PMs participam desse crime. Mas a Corregedoria está atuando contra policiais que cometem crimes. Há um prejuízo muito grande a corporação quando um policial é preso. Ele tem algumas punições disciplinares, como deixar de comparecer ao serviço, atraso etc.
Em nota, a Transpetro afirma que "apoia e colabora com a ação realizada hoje, dia 22, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em parceira com as Policiais Civis por meio da DDSD (Delegacia de Defesa de Serviços Delegados), para desarticular uma quadrilha especializada em furto de petróleo. Vale ressaltar que as autoridades vêm atuando fortemente na repressão ao furto de combustíveis em dutos e a parceria está rendendo bons resultados".

A empresa alerta ainda que "tem como prioridade a preservação da vida e preza pela segurança das pessoas e do meio ambiente. O transporte de combustíveis por dutos é seguro e eficiente, mas as intervenções criminosas podem trazer consequências graves para a comunidade, como incêndios, explosões, vazamentos, poluição e contaminação de áreas ambientalmente sensíveis".
A nota indica ainda o telefone 168 para a população comunicar "qualquer movimentação suspeita nas faixas de dutos e em terrenos próximos. O anonimato é garantido, a ligação é gratuita e o telefone funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. A companhia disponibiliza também o WhatsApp (21) 999920-168, pelo qual é possível contribuir enviando imagens e vídeos".

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