O jornal chileno La Tercera informou que a agressão ocorreu no dia 20 de dezembro de 2019. Naquela época, Boric era deputado e assinou um acordo que abriria caminho uma nova Constituição para o Chile, aprovada em 2020. Isso fez com que seu partido, Convergência Social, decidisse suspender sua militância. Na tarde da agressão, um grupo de jovens o chamou de “traidor” e “vendido”.
Segundo a CNN chilena, Boric também era criticado por ter votado a favor de uma lei que foi usada para reprimir as manifestações que ocorriam no país naquela época – posteriormente, ele se arrependeu do posicionamento. Os protestos no Chile foram convocados inicialmente contra o aumento do preço de passagens de transporte público, mas eventualmente tiveram a pauta ampliada para incluir questões como saúde, educação, moradia e aposentadorias. Foram registrados vários episódios de violência durante as manifestações.
O canal de TV T13 informou que vários parlamentares repudiaram o ataque a Boric. Depois do episódio, ele escreveu no Twitter: “Que o medo nunca vença a esperança. Que a violência nunca intimide a convicção. Seguimos”.
Em nota enviada à AFP do Chile em 12 de janeiro de 2022, a equipe do presidente eleito afirmou: “Foi um ataque que o candidato recebeu em meio à convulsão social, onde se observa a humildade de Gabriel Boric. Como equipe acreditamos ser fundamental verificar os fatos, mas também os contextos e assim não contribuir para a divulgação de informações falsas”.
A AFP mostrou que Boric foi relacionado ao consumo de drogas em outras ocasiões, inclusive pelo seu opositor durante a campanha presidencial, José Antonio Kast. Em um debate televisionado em 13 de dezembro de 2021, Kast defende que os dois candidatos se submetam a um teste de drogas. Boric então mostra um resultado negativo e afirma: “não sou consumidor de drogas”. O presidente eleito publicou o exame em suas redes sociais.
Publicação do presidente do Chile sobre o ocorrido clique aqui
Além da AFP, o jornal peruano La Republica publicou uma checagem semelhante.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
Informações falsas contra políticos de esquerda ja ocorreram outras vezes
Não é a primeira vez que o candidato representante da esquerda no Chile é alvo de informações falsas. Em 2021, a Lupa desmentiu um outro vídeo que circulou nas redes sociais com a falsa informação que manifestantes seminuas comemoravam a vitória de Boric em um monumento a céu aberto no Chile. Já no dia 3 de janeiro, a Lupa desmentiu uma peça de desinformação que afirmava que o recém eleito presidente segurava uma imagem que seria Jesus como travesti.
Essa informação também foi verificada por Boatos.org.
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