terça-feira, 25 de julho de 2023

Itaguaí, da mais violenta para uma das mais seguras do Estado em um ano, apontam estudos


Disputa por territórios entre milícia e tráfico são os maiores desafios da segurança pública da cidade, diz delegado

BOCA NO TROMBONE ITAGUAÍ,  A VERDADE NA ÍNTEGRA 

Itaguaí / Segurança -  O município de Itaguaí reduziu todos os índices de violência nesse primeiro semestre de 2023. Considerada a mais violenta de 2022, o ano de 2023 traz excelentes perspectivas para os próximos semestres. Apesar disso, a cidade foi considerada a mais violenta do estado no ano passado. 

Números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 colocam o município em 16º lugar em ranking de 50 com taxa de 61,6 mortes violentas por cem mil habitantes. Nos primeiros seis meses de 2023, a cidade registrou a maior queda em todo estado de crimes como letalidade violenta e de roubos a coletivo e a transeuntes, de carros e de carga.


 Milícia e tráfico impulsionam crimes

O tráfico e a exploração de negócios ilegais pela milícia liderada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, em parte de Itaguaí, na Baixada Fluminense, ajudaram a impulsionar os homicídios no município, em 2022. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram um acréscimo de 41% no número de assassinatos na comparação com 2021. Este ano, o crime registra queda nos primeiros meses, porém, uma outra preocupação se acentua pelo avanço das atividades de traficantes para além das fronteiras, dispostos a explorar a localização estratégia do porto para estabelecer uma rota internacional de comércio. Um cenário, que somado a causas sociais, mostra-se propício para perpetuar a violência.

 O município, de acordo com dados divulgados na última quinta-feira (20), pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, registrou no ano passado uma taxa de mortes violentas de 61,6 por 100 mil habitantes, o que deixa Itaguaí em 16º no ranking nacional das 50 cidades mais violentas em 2022.

Delegado titular da 50ª DP (Itaguaí), Marcos Santana foi responsável por obter o melhor resultado de Itaguaí este ano, que nos primeiros seis meses, registrou a maior queda em todo estado de crimes como letalidade violenta e de roubos a a coletivo e a transeuntes, de carros e de carga. Porém, ele aponta que o grande desafio na região é a disputa de território por facções criminosas, que ainda é responsável pela maior parte das mortes violentas.

Aqui, efetivamente, o grande problema é a guerra entre a milícia e duas facções criminosas do tráfico que disputam espaço entre elas. A nossa análise mostra um baixo percentual para crimes como feminicídio e brigas de bar, por exemplo. A grande gama de homicídios e de letalidade violenta vem dessa busca por domínio de território. Além da milícia liderada pelo Zinho, há duas facções de tráfico que se enfrentam — explica Marcos Santana, à frente da delegacia há um ano.

Com porto, cortado pela Rio-Santos e com mais de 116 mil habitantes, Itaguaí é um local estratégico para o crime organizado, seja milícia ou tráfico. Só nos seis primeiros meses deste ano, foram registradas duas grandes apreensões de cocaína no Porto de Itaguaí.  No dia 6 de fevereiro, quase 400 quilos da droga, avaliados em torno de R$ 100 milhões, foram encontrados escondidos em meio a uma carga de café, que tinha como destino à Espanha, na Europa. A apreensão foi feita pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da Polícia Civil, e pela Polícia Federal. 

Já no dia 12 de junho, policiais civis e agentes da Divisão de Repressão ao Contrabando e ao Descaminho, da Receita federal, apreenderam 276 quilos de cocaína escondidos em 2.400 caixas de frangos. A droga seguiria para Espanha, e de lá, seria transferida para África do Sul. O tráfico doméstico é pequeno, em Itaguaí, em relação ao comércio internacional de drogas, mas também vem crescendo. Foram registradas, nos cinco primeiros meses do ano, 49 apreensões deste tipo na cidade, contra 24, de 2022. A maior facção criminosa do Rio controla o tráfico nas comunidades Sem Terra e Café. Já uma facção criminosa rival chefia o comércio de drogas nos Morros do Carvão e do Ueda.

Atualmente, a milícia de Zinho controla a exploração de atividades ilegais, como cobrança de taxas de segurança e transporte alternativo, no Bairro do Chaperó. No ano passado, durante uma guerra entre criminosos na região, considerada uma das mais violentas, um ônibus e uma van foram incendiados em atos de grande impacto visual e que aumentam também a percepção de insegurança da população local. 

      Ônibus incendiado em Chaperó em 2022


Controlar territórios na cidade é considerado estratégico para o bando de Zinho já que Itaguaí faz divisa com o município de Seropédica e fica bem próxima de Nova Iguaçu, que também têm atividades ilegais exploradas por milicianos rivais. Em Nova Iguaçu, o bando de Gilson Ignácio Junior, o Juninho Varão. Já na outra cidade, o miliciano conhecido como Tubarão controla os negócios do grupo paramilitar. Ambos são rivais de Zinho e disputam com ele essas áreas e outras da Zona Oeste do Rio.

De acordo com o levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado semana passada, o município do Brasil com maior taxa de mortes violentas intencionais foi Jequié (BA), com 141 registros e uma incidência de 88,8 casos desse tipo por 100 mil habitantes. Uma faixa que vai dessa cidade até a área metropolitana de Salvador (BA) abriga as quatro cidades mais perigosas do país, que também incluem Santo Antônio de Jesus (2ª), Simões Filho (3ª) e Camaçari (4ª).


Região da cidade de Itaguaí é a mais segura do Rio de Janeiro, mostram dados do ISP deste ano

A área onde se encontra o município liderou, neste semestre, a queda nos índices dos principais crimes cometidos no estado Região da cidade de Itaguaí é a mais segura do Rio de Janeiro, mostram dados do ISP. Os dados são do Sistema Integrado de Metas e Acompanhamento do Instituto de Segurança Pública (ISP).


A queda nas letalidades violentas foi de 24% neste primeiro semestre. Roubos de veículos caíram 22% e de carga 35%. Assaltos e furtos a pedestres reduziram 36% no mesmo período. O comandante responsável pela pelo 24º Batalhão da PM é o tenente-coronel Eric Santos da Silva.

Destacando apenas os números de Itaguaí, sem considerar localidades vizinhas também atendidas pelo 24º batalhão, as letalidades violentas reduziram 42%. Roubo de veículo (36%), roubo de rua (2%) e os de carga caíram 100%.
De acordo com o prefeito de Itaguaí, Rubem Vieira, o Rubão, medidas tomadas pela Prefeitura ajudam a reforçar a segurança na cidade.

"Apesar da segurança pública não ser atribuição direta da Prefeitura, nós fazemos bastante por essa pauta. Agimos diretamente. O município paga o aluguel de 10 viaturas da PM, 10 motos e um quadriciclo, que monitora as areias de Itaguaí. Além disso, temos uma parceria com o Governo do Estado e a Prefeitura, que através do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), paga policiais de folga para trabalhar na cidade, fardados. São 100 policiais por dia bancados pela Prefeitura atuando em todas as partes da cidade. E teremos também reconhecimento facial pela cidade para evitar que crimes aconteçam e prender na hora caso alguma ação criminosa aconteça próximo ao nosso monitoramento por câmeras. Uma cidade segura traz empresas, investimentos e turistas", afirma Rubão.

No final do mês de maio, a PortosRio concluiu a instalação de câmeras térmicas nos Portos do Rio de Janeiro e de Itaguaí. Esses equipamentos de última geração são utilizadas para monitorar as instalações e o tráfego aquaviário, representando uma abordagem moderna para o gerenciamento da infraestrutura portuária e fortalecendo significativamente a segurança e a eficiência operacional.

Superintendente de Tecnologia da Informação da PortosRio, Carlos Cerveira explicou sobre a colocação das câmeras térmicas nos portos organizados: "As câmeras térmicas foram instaladas em pontos estratégicos sob a responsabilidade da Autoridade Portuária, incluindo canais de acesso, áreas de fundeio e berços de atracação. Essa cobertura abrangente nos permite identificar possíveis condutas indevidas dentro de nossa jurisdição".

Já no último dia 23/06, a CCR RioSP fez, no prédio da superintendência da Polícia Rodoviária Federal em São Paulo, a entrega de novas viaturas à corporação. Os veículos, modelo Taos Volkswagem, blindados, equipados com sistema de comunicação e com tração irão reforçar a segurança de motoristas e pedestres da rodovia Presidente Dutra, nas redondezas de Itaguaí. No total, foram entregues 14 novas viaturas, sendo oito para à PRF do Rio de Janeiro, e seis para São Paulo. A entrega faz parte do plano de investimento previsto no contrato de concessão assinado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em março do ano passado.

A integração entre PRF, ANTT e concessionária é de extrema importância para manutenção da segurança na Via Dutra proporcionando maior agilidade no monitoramento. Além de contribuir diretamente para a segurança dos clientes da rodovia e policiais que trabalham nas estradas.


Com jornal O Globo e Portal Terra

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